terça-feira, 8 de outubro de 2013

Interpol investiga venda de cobra por U$ 1 milhão em Niterói

Apelidada de Princesa Diamante, segundo a polícia, o animal foi furtado pela antiga gestora do parque, Giselda Candiotto, e vendida a um colecionador norte-americano.

Giselda Candiotto está presa no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.

Cobra com características únicas no mundo (cor branca e olhos pretos)

Uma jiboia considerada raríssima, que sofre de uma mutação genética chamada leucismo (falta de pigmentação em parte do corpo), avaliada em U$ 1 milhão, foi roubada do Zoológico de Niterói, segundo investigações da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Apelidada de Princesa Diamante, segundo a polícia, o animal pode ter sido furtado pela antiga gestora do parque, Giselda Candiotto, e vendida a um colecionador norte-americano, em 2009. O crime ganhou repercussão internacional e está sendo investigado pela Interpol. O Zoonit, que fica no Horto do Fonseca, Zona Norte da cidade, foi fechado pelo Ibama em julho de 2011, suspeito de maus tratos de animais. 

Segundo a Polícia Federal, a cobra com características únicas no mundo (cor branca e olhos pretos) teria sido encontrada em 2006 no meio da mata no Rio de Janeiro e levada para o Zoonit. De acordo com as investigações, em 2007, o colecionador de serpentes Jeremy Stone veio ao Brasil para tentar negociar o animal com a administradora Giselda, mas a transação só aconteceu dois anos depois. 

As investigações da Polícia Federal apontam ainda que o colecionador retirou o animal ilegalmente do Brasil pela fronteira de Roraima com a Guiana. Além disso, pela internet, fotos feitas nos Estados Unidos entre Jeremy, Giselda e o marido da administradora, José Carlos Schirmer, foram encontradas na casa da administradora, em Niterói.

Nos Estados Unidos, a polícia americana fez uma busca na casa de Jeremy, mas não encontrou a Princesa Diamante. Ainda segundo a Polícia Federal, o inquérito já foi concluído e encaminhado à Justiça. 

O casal de brasileiros foi preso e indiciado por crimes contra a fauna (Lei 9.605/98, artigo 29), contrabando e apropriação indébita. De acordo com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SEAP), Giselda Candiotto encontra-se na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, localizada no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. Já José Carlos Schirmer encontra-se no Presídio Ary Franco, em Água Santa. 

Quanto ao americano, já existe mandado de prisão expedido contra ele, pela agência internacional. 

Segundo a PF, o foco da investigação refere-se exclusivamente ao animal em questão, visto que se trata da prática de remessa ao exterior material genético da fauna brasileira, crime de atribuição do órgão.

Para o biólogo do Instituto Vital Brazil (IVB), Aníbal Melgarejo, que auxiliou o Ibama, durante as investigações, a serpente ainda pode estar viva, e deve ter sido retirada do local onde estava pelo próprio americano, onde era mantida, para despistar a policia.

“Não acredito que ela tenha morrido. A espécie costuma viver em média 30 anos, e apesar da viagem o colecionador demonstrou conhecer bem a espécie e certamente oferece as condições necessárias para a sobrevivência da serpente”, explica.

O especialista também esclareceu como a Princesa Diamante poderá ser repatriada, caso seja encontrada:
“Existem estudos que nos possibilita, através de exames avançados de DNA, comprovar a origem da cobra em questão. Uma vez que comprovada a origem brasileira, a espécie deverá ser repatriada imediatamente”.

No criadouro o colecionador já teria, inclusive, enviado filhotes da serpente para a Itália, mas o especialista acredita que a combinação da espécie com outras jiboias pode não resultar em novas combinações que resultem no mesmo tipo da Princesa Diamante, além disso, Melgarejo explicou o motivo do alto valor cotado pela cobra.

“Essa serpente é considerada raríssima justamente porque não existe outra igual no mundo. Seu valor é determinado muito mais pelas características estéticas, já que a cor diferenciada pode tornar a Princesa Diamante um alvo fácil para predadores. Além disso, colecionadores como Jeremy costumam pagar valores altíssimos por um exemplar como esse”, conclui. 

 http://www.ofluminense.com.br/editorias/cidades/interpol-investiga-venda-de-cobra-em-niteroi?2131270927=1

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